domingo, setembro 27, 2015

Dilemas da Educação

Venho participando de fóruns sobre os dilemas educacionais do país há alguns anos. Muitas pessoas bem intencionadas ventilam a ideia de que são necessárias mudanças metodológicas, curriculares, legais e pedagógicas para "melhorar a qualidade da educação".



Não há dúvidas que essas mudanças são importantes, o debate da base nacional comum, da reforma do ensino médio, das ferramentas de avaliação, da formação docente e outros sempre serão parte da vida de quem trabalha com educação e com escola.

Porém, tenho me convencido cada vez mais que a escola e a educação sozinhas não conseguirão dar o salto qualitativo que precisamos, elas por si só não são capazes de mexer no estrutural, no sistêmico. 

A melhoria da qualidade da educação acontecerá na medida em que o país melhore a qualidade de vida da sua população, os problemas vividos na escola (violência, apatia, falta de perspectiva, etc) são problemas sociais. Enquanto a valorização da educação não transitar do discurso para a materialidade, com um aumento exponencial dos recursos para área muitos debates serão vãos.

De algum lugar os recursos terão de vir, alguns setores terão de ser enfrentados, os lucros dos muito ricos tem de ser taxados, a dívida pública tem de passar por auditoria e a sonegação e evasão fiscal precisam ser atacadas verticalmente. Essas medidas devem trazer recursos para a educação pública e não drená-los apenas para o setor privado de ensino (FIES, PROUNI, PRONATEC).

Enquanto optarmos por pagar juros ao invés de investir em educação debateremos sobre o "ovo de Colombo" ou estaremos condenados a viver o mito de Sísifo* em nossos debates da área.

*Sísifo desafiou os deuses; quando capturado sofreu uma punição: para toda eternidade, ele teria de empurrar uma pedra de uma montanha até o topo; a pedra então rolaria para baixo e ele novamente teria que começar tudo.

Gregório Grisa