A possibilidade de reabertura das escolas Itinerantes dos acampamentos do MST reabre um debate caro para a educação no estado do RS. Quem conhece sabe que, para além de garantir o direito das crianças acampadas à educação, as Itinerantes representam um espaço de formação e convivência fundamental na luta pelo direito a terra. Um dos principais argumentos utilizados pelo Ministério Público e pela antiga gestão do estado para o fechamento dessas escolas era o de que elas praticavam uma “lavagem cerebral”, isto é, um trabalho pedagógico de cunho ideológico específico.
Para virar do avesso esse frágil argumento, podemos dizer que todas as escolas, sejam elas públicas, particulares de cunho religioso, comunitárias ou cooperativadas, todas praticam um trabalho ideológico específico vinculado aos seus interesses. A base curricular das Itinerantes segue os parâmetros da legislação estadual como qualquer outra, o que se agrega é uma metodologia e conteúdos que são peculiares da vida do campo e politicamente legítimos, sendo preservada a autonomia didática dos movimentos sociais.
A falsa polêmica desse debate se desnuda ao entendermos a razão do desconforto de setores da sociedade com a existência do MST e de suas escolas. A escola tradicional urbana e grande parte da mídia (precavendo-me de qualquer generalização) refletem valores hegemônicos e reproduzem como única versão de sociabilidade as relações sociais estabelecidas. Porém, a referência da prática pedagógica do MST é uma interpretação da realidade que problematiza e relativiza essas relações estabelecidas. É condição sine qua non que o processo de reabertura garanta estrutura física mínima para as Itinerantes e que os educadores sejam vinculados ao movimento e com formação para trabalhar a Educação do Campo e não no campo.
Gregório Grisa
Um comentário:
Manda o texto para a página do MST NACIONAL.
Tá muito legal, passei para os meus contatos.
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