terça-feira, maio 19, 2009

Denúncia da participação de fumageiras em caixa dois de Yeda chega à ONU

As denúncias de que as fumageiras Alliance One e CTA-Continental teriam doado irregularmente R$ 400 mil para a campanha da governadora Yeda Crusius (PSDB) chegaram à Organização das Nações Unidas (ONU). No dia 15 de maio, a organização não-governamental Terra de Direitos entregou reportagens e demais documentos que retratam as acusações de Caixa 2 ao Representante Especial da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos, John Ruggie. O objetivo, explica Gisele Cassano, advogada da Terra de Direitos, é mostrar à ONU as duas formas de atuação das empresas do Brasil.

De um lado, as fumageiras exploram os pequenos agricultores através de seus contratos de produção integrada. De outro, aponta Gisele, estaria a relação promíscua das empresas com políticos para ter influências econômicas. Ela exemplifica que o deputado federal gaúcho Sergio Moraes (PTB), que já foi duas vezes prefeito de Santa Cruz do Sul, cidade que é forte produtora de fumo, recebeu R$ 72,5 mil das empresas para sua campanha. O parlamentar foi autor do projeto para a criação de um Fundo Nacional da Fumicultura (FNF), a fim de estimular o plantio de tabaco. “Quem acaba financiando isso é o fumicultor. Porque ele trabalha, nunca consegue pagar suas dívidas às empresas porque são altíssimas. E por outro lado você vê essa questão de financiar R$ 400 mil em campanhas políticas. Essa superexploração do fumicultor lá na ponta também é definida para obter dinheiro, o lucro, para financiar essas campanhas e influenciar diretamente nas decisões políticas em relação ao fumo”, argumenta.

A suposta participação das fumageiras no esquema de Caixa 2 de Yeda se soma às demais denúncias feitas pela Terra de Direitos sobre violações que as mesmas empresas cometem contra pequenos agricultores. Desde 2006, a entidade já entrou com sete ações na Justiça do Estado do Paraná para anular os chamados contratos de adesão. Segundo Gisele, os contratos são ilegais já que comprometem o agricultor a ser endividado. “São contratos que as cláusulas já vêm estipuladas pela empresa, o fumicultor não consegue discutir essas cláusulas. Ele assina, juntamente com esse contrato, notas promissórias em branco, procuração em branco para que a empresa capte recursos em instituições financeiras. Dessa forma, começa a dívida dele. Faz toda a plantação e, quando vai vender esse fumo, a empresa coloca um preço menor. Então ele sempre fica devendo à empresa, por mais que trabalhe à noite, nunca tenha domingo ou feriado”.

Fonte: Diário Gauche

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