Em função da vinda da Lina, eu e Mariana buscamos pensar sobre tudo que envolve a vinda de um novo ser humano, para isso estudamos, pesquisamos. Nessa busca tivemos acesso a esse livro, como gostamos muito da leitura e o autor acompanhou parte do parto da Lina, acabei pedindo a ele que me enviasse a apresentação do livro no formato digital para divulgar a fim de incentivar que mais pessoas leiam todo o trabalho. Abaixo segue essa apresentação, uma prazerosa e importante leitura.
Por Ricardo Jones
A obstetrícia se abriu como oportunidade para mim em meio à nebulosidade obscura da escola médica. Nessa época, eu cursava o terceiro ano de medicina na Universidade Federal e a possibilidade de assistir à “medicina de verdade” era quase inexistente. Estávamos inseridos ainda nas cadeiras básicas, sem uma janela aberta para a patologia inserida no sujeito.
Tudo era “virtual”. As pneumonias eram fotos de cortes histológicos em livros, os partos eram tão somente descrições de planos e rotações. Alguns fatos marcantes, entretanto, marcaram de forma indelével a minha trajetória. O primeiro foi o nascimento de meus filhos, Lucas e Bebel. As circunstâncias desses partos hospitalares, com toda a carga de agressividade e despersonalização, foram um choque de grandes proporções. Aliado a isso, pela primeira vez eu conseguia perceber a magnitude da capacidade feminina de suplantar obstáculos e adversidades.
O nascimento era um evento épico! O segundo evento fundamental para a minha escolha pela obstetrícia foi o período em que trabalhei como “interno” em um serviço público de obstetrícia. Nesse período de formação médica, eu fazia plantões em um hospital de periferia, onde os obstetras permitiam que os estudantes praticassem na sua ausência. Minhas primeiras experiências como cuidador foram com as pacientes pobres do serviço público deste hospital. Lá eu pude enxergar de forma muito clara como o sistema médico traduz e decodifica o fenômeno do nascimento.
A matriz cultural valorativa sobre a mulher, a vida, o dinheiro e o poder apareceram brutalmente à minha frente quando eu ainda era um menino, e esta violência acabou por determinar todo o meu futuro profissional. Claro que as razões menos objetivas responsáveis pela minha escolha são da ordem do inconsciente. Porém, por sobre essa base, esses fatos marcantes acabaram por me jogar no universo complexo do feminino.
Minha formação em obstetrícia foi o que se pode chamar de “clássica”. O modelo era construído a partir de uma visão vertical de “evolução científica”. Entendia-se a moderna obstetrícia como o ápice de uma edificação sólida cujas bases eram afixadas sobre o obscurantismo e a magia, e o céu acima de nós era constituído pela ciência e pelo conhecimento. Em nenhum momento do meu aprendizado na faculdade, mencionava-se a possibilidade de um modelo de assistência ao nascimento que não fosse centrado na figura do médico, no combate às doenças e na centralização das ações no hospital.
Essa forma de entender o fenômeno do nascimento eu chamava de modelo “iatrocêntrico”, “etiocêntrico” e “hospitalocêntrico”, respectivamente centradas no médico, na enfermidade e no hospital. Para entender formas alternativas, ou modelos concorrentes de assistência, era necessário abandonar o edifício e suas verticalidades e imaginar formas horizontais de disputa entre os modelos. Nesse aspecto, a formação médica era extremamente falha: não havia (pelo menos há 25 anos) uma compreensão mais abrangente dos paradigmas em choque, como brilhantemente nos revelou o físico americano Thomas Kuhn. Para mim, absolutamente inquieto com o que percebia de imperfeito na atenção ao parto, a visão dessa ideia foi clarificadora.
A medicina contemporânea, mormente nos aspectos relacionados à assistência ao parto, era apenas o modelo dominante, o paradigma hegemônico, e não a soma de todas as verdades! Havia propostas alternativas minoritárias que não podiam ser desveladas em função de interesses outros, de origem econômica, financeira e profissional. A escola médica agia na manutenção, proteção e disseminação de um modelo que claramente a beneficiava, mas que não era necessariamente o único existente. Para produzir uma visão mais justa e panorâmica de minha atuação, era fundamental colocar toda a minha formação como “relativa”, como uma “importante parte do todo”, mas não a verdade absoluta e derradeira. Era preciso abandonar a criação totêmica e mitológica do saber médico e assumir uma visão mais plural e centrada nas necessidades da mulher. Fazer isso, mesmo que secretamente em meus pensamentos, já era, por si só, uma heresia.
A verdade é que os acontecimentos que precipitaram a minha opção pela obstetrícia foram os partos de meus dois filhos: Lucas, ocorrido quando não eu contava mais de 21 anos de idade, e Bebel, que nasceu 12 dias antes de minha cerimônia de formatura. Entrei na residência médica com dois filhos nascidos de parto normal, tendo passado por uma experiência poderosa de amadurecimento. Obtive autorização para assistir a ambos os partos apenas por ser estudante de medicina, mas tal concessão me abriu as portas para uma nova realidade. Pude perceber a violência institucional velada, que se expressa através dos pequenos detalhes. Frases, expressões, normas, proibições eram constituintes da arquitetura de um sistema assimétrico e agressivo. Pude testemunhar as formas insidiosas de desqualificação das mulheres e a visão depreciativa que cultivamos sobre suas capacidades de gestar e parir. No nascimento de meus filhos, pude constatar, pela primeira vez, a misoginia essencial que comanda o proceder obstétrico, que se expressa pela compreensão defectiva da maternidade. E esta foi uma experiência fundamental.
Além do choque estético e conceitual do nascimento de meus filhos e a minha experiência na grande escola obstétrica da periferia, outro evento marcante a produzir um terremoto em minhas convicções foi um nascimento de emergência na sala de exames do hospital de clínicas, onde fazia a minha formação como residente. Esse evento foi descrito no meu livro anterior, Memórias do Homem de Vidro – Reminiscências de um Obstetra Humanista. Nesse parto, os singulares acontecimentos que o caracterizaram produziram uma mudança paradigmática de proporções imprevisíveis.
A rapidez do nascimento deu oportunidade para que eles fossem ditados pelo automatismo irreflexivo, o que desnudava, de alguma forma, os códigos valorativos que eu acalentava inconscientemente. Diante da insensatez de minhas atitudes, da grosseria de minhas palavras, da violência de meus procedimentos e da gravidade de minhas ações, minha reação foi — inicialmente — a estupefação e o espanto. Algum tempo depois, quando uma auxiliar de limpeza me perguntou: O que teria acontecido se o senhor não tivesse chegado a tempo para o parto?, é que me dei conta de que a melhor resposta para essa pergunta seria: o parto teria sido muito melhor.
A partir de então, minha condição era tão somente de vergonha. Diante disso, só me restavam duas alternativas: abandonar o trabalho com as mulheres e gestantes, ou mudar radicalmente a forma de agir com relação a elas. Resolvi escolher a segunda alternativa, mesmo sabendo que tal escolha me levaria a ser desprezado por muitos colegas e incompreendido por outros.
Durante os 12 anos seguintes ao evento na sala de emergência, não obtive apoio de outros profissionais ligados ao parto e ao nascimento. Somente no primeiro congresso de Parto Humanizado que compareci, no Rio de Janeiro em 1998, é que fui conhecer colegas que pensavam de forma semelhante. Durante essa década de reclusão, minhas únicas fontes de informação eram os livros de médicos que se tornariam mestres para a minha formação de obstetra humanista, entre eles Moyses Paciornik, Michel Odent e Marsden Wagner.
A partir desse encontro no Rio de Janeiro, além dos colegas médicos, encontrei uma gama enorme de profissionais de outras áreas que participavam da construção de um novo modelo baseado na interdisciplinaridade. Nos primeiros congressos, conheci doulas, fisioterapeutas, enfermeiras, obstetrizes e psicólogas que me mostraram, de forma inequívoca, que os partos não eram de uma só corporação, mas que pertenciam às mulheres, cabendo a todos a possibilidade de auxiliá-las em conjunto e em harmonia.
A partir da experiência de participar de um congresso de humanização do nascimento, no final dos anos 90, tomei conhecimento de uma rede nacional voltada para o debate, o intercâmbio de informações e a construção de alternativas ao modelo obstétrico contemporâneo. Essa rede, formada por cidadãos comuns, médicos obstetras, epidemiologistas, pediatras, clínicos, fonoaudiólogos, psicólogos, enfermeiras, doulas e outros profissionais ligados ao parto, havia sido criada em 1993, através de um documento chamado de “Carta de Campinas”, onde estavam alinhavadas as diretrizes para uma revolução na atenção obstétrica no Brasil. Essa organização chama-se ReHuNa – Rede pela Humanização do Parto e Nascimento – e hoje se consolida como o principal interlocutor da sociedade civil para a humanização do parto e nascimento. Minha vinculação com esse movimento, e com a ReHuNa foi imediata, tendo inclusive assumido a sua coordenação nacional por um breve período de tempo.
Nos últimos 12 anos a ReHuNa esteve presente em todas as minhas palestras e em todos os meus pronunciamentos. Para mim não existe debate sobre as teses da humanização do nascimento sem que a ReHuNa seja ouvida e considerada. Ela é uma construção coletiva de um grupo de apaixonados e lutadores em nome da dignificação do parto e da mulher.
Depois de algum tempo, acabei me envolvendo em um esforço mundial pela humanização do nascimento através da International Motherbaby Childbirth Initiative (IMBCI). Fora do Brasil, acabei encontrando figuras extremamente importantes na minha trajetória. A mais importante e significativa delas foi a antropóloga americana Robbie Davis-Floyd, de quem me tornei grande amigo e com quem aprendi os mais importantes ensinamentos sobre a mitologia que cerca o nascimento humano, assim como os valores inconscientes que regulam e controlam esse evento. A lista de outros profissionais fundamentais na minha caminhada seria longa demais, e me custaria o risco de esquecer alguém; por essa razão, prefiro não citá-los nominalmente e deixo minha amiga Robbie como exemplo de que as lutas também são feitas através de laços de amizade, companheirismo e confiança.
Muitos foram os entraves que encontrei durante esta trajetória, mas nunca me queixei disso. Não há como questionar os poderes constituídos sobre o saber médico sem que haja uma reação violenta. O maior problema que ainda encontro é a forma preconceituosa com que a obstetrícia “oficial” encara qualquer projeto que questione a preponderância médica nas ações de saúde. O parto domiciliar planejado, as Casas de Parto e a atenção prestada pelas obstetrizes (parteiras profissionais) são as maiores dificuldades. Compreensivamente, esses pontos serão dificilmente aceitos por aqueles que possuem poderes autoritativos relacionados ao nascimento.
As evidências científicas que respaldam todas essas escolhas são insuficientes, em uma primeira etapa, para produzir uma aceitação. Entretanto, em longo prazo, vão produzindo um enfraquecimento insidioso dos preconceitos que sustentavam tal rechaço. Minha esperança é que o tempo será o Senhor da Verdade e que uma atenção mais digna ao nascimento prevalecerá. “Humanizar o nascimento é restituir o protagonismo à mulher”, e sem essa conquista nenhum avanço será significativo.
A forma de lidar com os inevitáveis ataques que chegam dos setores mais conservadores da medicina é estar constantemente preparado para o confronto. Por essa razão, as discussões no terreno do nascimento humano só podem acontecer na arena da Medicina Baseada em Evidências (MBE). Sem o respaldo das evidências, todo o debate se torna subjetivo, pessoal e estéril. É por isso que as pessoas que desejam debater honestamente esses assuntos devem estar preparadas para o enfoque utilizando as evidências atuais, e não experiências pessoais e preconceitos.
O convívio com as mulheres me ofereceu uma das maiores experiências que o ser humano pode encarar: o encontro com a diversidade. O fato de as mulheres serem matrizes, carregarem no ventre a nossa esperança de imortalidade, enfrentarem as dificuldades e fragilidades da gestação e do parto e serem responsáveis diretas pelos cuidados com seus bebês, lhes oferece uma perspectiva absolutamente diversa da vida, radicalmente diferente daquela que um homem pode experimentar.
O mundo feminino é, para nós homens, um mistério inquestionável e insondável. Costumo dizer que a gestação é algo que ignoro por completo, pois apenas a vivência desse fenômeno pode oferecer uma compreensão minimamente satisfatória. Entretanto, meu convívio com as tantas mulheres que povoaram minha vida, como minha mãe, irmã, esposa, filha, cunhadas, amigas e pacientes, oportunizou um mergulho no universo de suas paixões, dores, ideias e amores. Tornei-me paulatinamente um apaixonado pelo feminino, pois para mim ele simboliza a capacidade de extrapolar os limites da própria epiderme e viver o amor como algo visceral. Sua ligação com as crias e seu amor incondicional por elas me oferecem uma visão criativa do universo e a maneira como se organizou nossa espécie. Às mulheres eu devo tudo o que sei.
Por outro lado, a mulher é vista pela escola médica como um ser defectivo e cuja “produção” é o resultado de uma série de equívocos não resolvidos. Para a visão médica contemporânea, o corpo biológico da mulher é defeituoso in essentia. Todos os eventos fisiológicos da vida feminina — que são o diferencial com o padrão masculino — são vistos pela cultura como patologias que necessitam de tratamento médico. Assim, o ciclo grávido-puerperal — gestação, parto e puerpério — é visto como uma enfermidade, cuja solução é drogal e cirúrgica. A menstruação não é vista como uma renovação cíclica, mas como uma “sangria inútil”, levando-se ao extremo a visão positivista e biologicista da medicina.
A menopausa, outro evento programado na fisiologia feminina, é visto como uma fase de “perdas”, de “falhas”, e a solução para tal “falência” é a adição perigosa de substâncias químicas que objetivam reverter o envelhecimento e a decrepitude. Mesmo quando essas experiências se mostraram tragicamente frustradas, como a hormonioterapia da menopausa, que se provou falha em seus propósitos principais, estamos muito longe de reavaliar nossos conceitos sobre a mulher, pois isso significaria imaginar uma cultura cujas relações de poder entre os sexos seria diferente e, portanto, imprevisível.
Apesar dos ataques e das calúnias que muitas vezes recebi, acredito na honestidade desses postulados, pois se baseiam em uma forma fraterna e solidária de entender o mundo, que valoriza o empoderamento, a autonomia e a liberdade das mulheres de escolher seu destino e a forma de parir seus filhos. Sempre lutei para que as teses da humanização do nascimento não se tornassem um “catecismo” ou uma “fórmula mágica”, pois isso significaria a cristalização e a morte de um movimento de ideias. Nossa proposta passa por uma crítica constante ao tecnicismo despersonalizante e uma abertura às novas descobertas científicas, a fim de evitar o envelhecimento de nossos ideais.
“A Humanização do Nascimento vem trazer a síntese entre as conquistas recentes da ciência, que nos oferecem segurança, com as forças evolutivas e adaptativas dos milênios que nos antecederam. Esta releitura do nascimento humano se faz necessária para acomodar as necessidades afetivas, psicológicas e espirituais das mulheres e seus filhos com as conquistas que o conhecimento nos trouxe através da aquisição crescente de tecnologia.”
A partir dessa constatação, é impossível ficar passivo diante da necessidade de acomodar de forma adequada uma abordagem mais humana, sem preconceitos e cientificamente embasada na atenção ao parto.
Muitas pessoas me pedem para que eu diga algo para os novos médicos, para aqueles que estão iniciando na carreira da obstetrícia, e que terão diante de si a tarefa de auxiliar no momento mágico do nascimento. Não sou muito bom em dar conselhos, até porque eles geralmente desconsideram a dinâmica pessoal de quem os escuta, e apenas refletem as fantasias e dificuldades de quem os pronuncia. Apesar disso, escrevi um texto neste livro chamado “Carta para uma jovem obstetra”, direcionado à filha recém-formada do meu “colega” Max, onde tento mostrar o caminho árduo que ela terá pela frente. Sei que meu espectro de ação é limitado, porque cada um faz seu próprio caminho a partir de sua história. Se me dessem conselhos sobre partos humanizados no meio da minha formação médica, eu provavelmente não os escutaria; ainda estaria fechado à visão humanizante do nascimento.
Para poder perceber outra realidade, fui obrigado a percorrer o caminho lento e espinhoso do amadurecimento. A abertura desta porta só se faz por dentro. Como nos dizia Lacan a respeito dos psicanalistas, a maior virtude de um obstetra também é a “idade”. Sem ter trilhado o “vale das sombras”, ter enfrentado a morte e suas dores ou ter se encantado com a vida sem cair na tentação de banalizá-la, como poderia um obstetra entender o que se passa no momento de um parto? Somos os convidados mais privilegiados no espetáculo da Vida, aqueles a quem o criador colocou na tribuna de honra.
Temos o panorama mais claro do mistério que se esconde por detrás do meramente manifesto; o enigma que se expressa através da chegada de um bebê ao mundo. Entretanto, somente podem enxergar aqueles que assim o desejam: os que lutam contra a sedução das certezas e que se convencem de que as dúvidas são em verdade amigas dissimuladas, que nos estimulam a crescer. Meu conselho aos jovens parteiros seria, se assim pudesse fazê-lo, que jamais esquecessem a chama de humanidade que cada um de nós carrega no peito. É fundamental mantê-la acesa, para que ela nos lembre eternamente das razões que nos motivaram a cuidar das mulheres e seus filhos.
Para as mulheres, a quem dedico este livro, espero que sejam donas de suas próprias vidas e de seus corpos. Lutem contra a expropriação indevida de seus partos e seus bebês. Jamais deixem de escutar seus instintos de mãe. Sejam carinhosas e nunca esqueçam de que vieram ao mundo com a tarefa de cuidar e acalentar. Sua maior função neste mundo é ensinar o amor, e sem esse ensinamento não passamos de bestas sem destino. Sejam condescendentes e não tentem imitar os homens em suas fraquezas e futilidades. Sejam vocês mesmas, com seus desejos, suas dúvidas, seu carinho e seu amor.
Não tentem ser o que não são. Fujam da “igualdade” e aproximem-se do respeito mútuo às diferenças. Somos distintos, mas ocupamos o mesmo mundo, onde devemos respeitar uns aos outros em seus direitos. Não esqueçam jamais de amar os seus homens, porque esse amor é a maior vitória que podemos construir na vida. Somos “caminhantes dos milênios”, e nossa vestimenta — masculina ou feminina — é apenas um envoltório passageiro, mas que nos oportuniza um aprendizado inquestionável. E, por fim, amem seus filhos e façam deles cidadãos de verdade, para quem a fraternidade será um traço inconfundível e a liberdade uma tatuagem permanente marcada em suas peles.
A construção milenar do parto humano é algo que se processa entre as orelhas. É ali, nas dobras e circunvoluções encefálicas, no emaranhado de sinapses, nos pontos de confluência, que o nascimento se processa. Ou, se quiserem, é nesse ambiente secreto, onde moram os medos, as alegrias, as paixões e o amor, onde a alma se encaixa no corpo formando uma unidade que só a morte desfaz.