sexta-feira, julho 31, 2015

O perigo do não projeto

Sartori tem uma vantagem em relação a Dilma, não fez estelionato eleitoral. Enquanto Dilma feriu seu discurso e suas propostas dando a condução da política econômica do país para um membro do setor financeiro, para um tucano puro, com isso assumindo a agenda do PSDB e da direita, Sartori está fazendo o que propôs em campanha, isto é, nada.




Porém, Sartori, que é boa pessoa, mas não tem a menor condição técnica e intelectual para dirigir um estado, está cumprindo sua promessa de forma bisonha, porque está conseguindo fazer coisas piores do que não fazer nada.

Dilma em seis meses fez o Brasil chegar no topo do ranking dos juros mundiais, fez isso com a justificativa de controlar a inflação. A estratégia não vem dando certo, pois a inflação é puxada em grande parte por fatores (energia, gasolina, alimentos) que não são diretamente tocados pelo aumento da Taxa Selic, esses são preços controlados ou pelo governo ou por uma cadeia complexa que envolve o clima, por exemplo. Os grandes bancos e corporações agradecem cotidianamente os juros nas nuvens, já quem deseja a casa própria, um ar condicionado ou uma geladeira adia seu modesto sonho.
Sartori descumpre várias decisões judiciais e parcela os já baixos salários dos servidores do Estado. Isso tende a provocar mais ações judiciais em que o estado irá perder, com isso a dívida ativa deve aumentar. Além de ilegal, imoral, irresponsável o parcelamento é uma medida de ajuste pouco inteligente para usar um eufemismo.
Nas eleições era evidente a diferença entre Tarso e Sartori em termos de projeto, critiquei em inúmeros aspectos o governo petista no RS, mas lendo o parecer do Tribunal de Contas que aprovou as contas de 2014 de Tarso fica nítido que é possível outro modo de gerir as contas públicas. Tarso fez saques constantes no caixa único e financiamentos externos, foi o governo que mais investiu na história do estado em saúde, educação, infraestrutura e deu reajustes para os servidores, além disso, nunca se ouvir falar na hipótese de parcelamento dos salários.
A população pode dizer que foi enganada por Dilma, pelo menos diante desses primeiros meses de governo, mas os gaúchos não foram enganados por Sartori, a população escolheu uma frasco vazio, uma não proposta. E aqueles mais conscientes que votaram no gringo escolheram a fórmula histórica de governar do PMDB, de Britto, Rigotto e inclusive do terrível governo Yeda, do qual o partido era forte base de sustentação.
O não pagamento correto do funcionalismo e a plena incompetência na gerência das políticas públicas sob responsabilidade do estado são razões suficientes para uma greve geral, para um sério questionamento de um governo até então bizarro técnica e politicamente.

Gregório Grisa

quinta-feira, julho 23, 2015

Fracasso do ajuste fiscal

Política de ajuste fiscal encampada por Joaquim Levy é desastrosa. A dívida pública se elevou nesses últimos seis meses, os aumentos progressivos da Taxa Básica de Juros (Selic) da economia, sob justificativa de controle da inflação, se mostraram ineficazes e drenam os recursos públicos para os detentores dos títulos da dívida.


Há cortes nos recursos de áreas básicas e políticas sociais e se forram os bolsos de especuladores os pagando juros sobre juros. Na verdade não há cortes reais, mas se tira de um lado para garantir a remuneração do outro.

Ajustes fiscais de radical perfil neoliberal como esse não produziram resultado positivo na Argentina, no Chile e no Brasil na década de noventa, não deram certo na Espanha, em Portugal, Itália e, principalmente, na Grécia nos últimos dez anos. Em gestões estaduais, tal modelo de gerir o estado sangrou direitos e humilhou populações no governo Britto e Yeda no RS, quebrou o Parana em gestões do PSDB, afora os governos de norte e nordeste pautados no coronelismo liberal. Governo Sartori, em flagrante incapacidade de gestão e alheio a qualquer inovação possível, segui a mesma receita anti-popular.

O economês de Levy endossado pela grande imprensa representa a voz dos que realmente governam o país, os senhores do chamado mercado financeiro. Inflação alta e desemprego crescente são dados concretos, as medidas do ex-diretor do Bradesco não atacam esses problemas, pelo contrário, os tornaram mais agudos.

Passados alguns meses ou até anos, com a reorganização da economia impulsionada pela revisão do padrão de acumulação nacional e não pelo ajuste que ora vigora, os economistas da Globo News, colegas de Levy, irão dizer: "viram como o ajuste fiscal e o aumento de juros foi providencial".

A história de repete como farsa.

Gregório Grisa