sexta-feira, agosto 31, 2012

Velhos e novos jeitinhos brasileiros



Por Juremir Machado
No Esfera Pública, na Rádio Guaíba, outro dia, o deputado Henrique Fontana (PT), relator do projeto de reforma política na Câmara de Deputados, afirmou que a Febraban, a federação dos banqueiros, gosta de patrocínio privado a candidatos. É a sua maneira de comprar simpatias. Afinal, ninguém tem amor espontâneo por dono de banco. É o jeitinho brasileiro. O jornal O Globo publicou, na semana passada, interessante matéria sobre o preço dos carros. Título: “Automóvel no Brasil custa até 106% mais que lá fora”. Aí o lacerdinha já dispara: “São os impostos”. Em parte, sim: 32% do valor de um carro por aqui contra 16% no resto do mundo. O mané fica de cara, malha o governo, vitupera contra o Estado e cai fora.
Não lê a linha de apoio: “Margem de lucro chega a ser o triplo de outros países”. Uau! As montadoras enchem as burras de dinheiro dos otários e botam toda a culpa pelos preços altos nas costas do camelo, o Estado. A explicação das empresas parasitas e dos especialistas é digna de nossos melhores risos: tem pouca concorrência no Brasil. Sim, somos trouxas, passamos recibo. É por isso que, salvo em campos muito específicos, não acredito em especialistas. São raros os assuntos em que qualquer um não pode se tornar especialista com uma tarde leitura. O culto ao especialista é um golpe de burocratas, tecnocratas e outros “cratas” para mandar a plebe calar a boca. Os impostos precisam cair no Brasil. As margens de lucros também. Entre os impostos e as margens de lucro, a queda destas seria muito mais útil para todo mundo. Sim.
Tem jeitinho para tudo. Um livro, “Partido da terra – como os políticos conquistam o território brasileiro”, de Alceu Luís Castilhos, mostra que entre os grandes proprietários rurais estão os nossos representantes. Até aí, em princípio, nada de mais. Todo mundo conhece a bancada ruralista. O autor, em texto para o blog de Leonardo Sakamoto, deu uma palhinha do que apresenta nas suas páginas explosivas: “Os dados mostram que os prefeitos do PSDB são os que têm mais hectares. Mais que os coronéis do PMDB e do DEM. Entre os parlamentares não há surpresas, o PMDB lidera. Mas há latifundiários no PT, no PDT, no PPS, no PSB, no PV. Por curiosidade, os ‘filhos do MDB’ possuem mais terras que os ‘filhos da Arena’.
Que país se desenha a partir desses dados?”
Um país que se segue os ditados “o que engorda o boi é o olho do dono” e “ninguém é melhor representado do que por si mesmo”. Nosso capitalismo é driblador. Se vai mal, chama o camelo. Se vai bem, manda o camelo pastar no deserto. Temos um Judas de plantão: os impostos. E uma saída de emergência para as margens de lucro obesas: o risco, a falta de concorrência. Só falamos em competição, mas adoramos um monopólio, desde que seja o nosso. A reforma política não avança em Brasília por representar uma espécie de reforma agrária no latifúndio de influência cercado com arame farpado pelos nossos delegados, eleitos para atacar os nossos interesses e defender os deles, o que garante a nossa originalidade.

sábado, agosto 25, 2012

Nova emenda constitucional

Sou favorável a valorização intensa e imediata das seguintes coisas:

- da temperatura próxima dos 20 graus com leve vento;
- do encaixe pequeno das palavras para dizer algo grandioso
- das metáforas;
- da coceira nas costas que agente não alcança e nos faz precisar de alguém,
- do dente roxo de vinho;
- das lembranças que decoram nossas histórias
- de tudo que pela via hipotalâmica nos acessa e emociona;
- da saudade e da esperança;
- do desejo e da preguiça
- do envelhecimento natural
- do samba canção, da dança de mão e das areias;
- da ansiedade e do difícil aprendizado de controlá-la.
- do tempo.


quinta-feira, agosto 23, 2012

Lei das Cotas Raciais ‘é anacrônica’, alerta pesquisador


Sistema de cotas raciais, da forma como foi colocada, "decapita o movimento negro" no Brasil

O projeto de Lei aprovado pelo Senado que estabelece as cotas sócio-raciais seguirá à sanção da presidenta Dilma Rousseff mas, na opinião de um dos autores do Programa de Ações Afirmativas da Universidade de Brasília (UNB), da forma que foi concebida, a nova Lei representará um enorme retrocesso ao dividir a comunidade negra. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta Corte do país, reconhecer que “não precisa dividir” porque ser negrono Brasil representa, por si só, uma desvantagem.
Na opinião é do professor José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília e pesquisador do CNPq, em entrevista à última edição da revista semanal de esquerda Caros Amigos, o projeto aprovado pelo Senado cria as chamadas cotas sócio-raciais, ao reservar 50% das vagas para estudantes oriundos da escola pública; destes 50% devem ser reservadas aos estudantes de famílias com renda per capita de 1,5 salário mínimo; e os outros 50% entre negros e indígenas proporcionalmente à presença de cada um desses segmentos em cada Estado da Federação, de acordo com o Censo do IBGE 2010.
– A Lei é anacrônica. A história vai responsabilizar as lideranças negras que participaram desse retrocesso. Como o senador Paim, que tem assessores parlamentares afinados com esse tema, não lutou para desvincular as cotas sociais? Sarney virou paladino dos negros brasileiros? A elite branca racista brasileira entregou os anéis para não entregar os dedos – ironizou.
Segundo afirmou José Jorge de Carvalho, a principal função da Lei “é conter a parte mais poderosa, a vanguarda do Movimento Negro”.
– Simplesmente, a Lei conteve a parte mais poderosa do Movimento, decapitou a comunidade negra. Os filhos dos empresários da Fiesp estudam na Universidade de S. Paulo (USP), na Universidade de Campinas (Unicamp). Os filhos dos empresários da Firjan, do Rio, também estudam nas melhores universidades públicas. Nossa luta sempre foi para que os filhos do Pelé tivessem os mesmos direitos dos filhos da faxineira e todos pudessem estudar – acrescentou.
José Jorge também critica o fato de o Senado ignorar, durante a tramitação da Lei, a experiência acumulada por 129 universidades que já adotam ações afirmativas por decisão de instâncias internas. Citou o caso das 51 que adotam cotas e lembrou que, destas, 46 instituições têm modelos diferentes.
– Das 51 universidades federais que têm cotas, 46 têm modelos diferente. Cada universidade que aprovou (o sistema de cotas), procurou fazê-lo de forma diferente das anteriores. Foi resultado sempre de uma negociação por parte dos Conselhos. Uma variedade de sistemas. A Lei simplifica o raciocínio. A massa crítica que gerou a luta pelas ações afirmativas não pode influenciar o Congresso. Todas as audiências foram inúteis, foram inférteis, dissociadas de reflexão. Toda a inteligência gerada pela sociedade foi desprezada, considerada irrelevante – frisa.
De acordo com o professor da UnB, a luta por cotas é uma luta política.
– Para que lutamos durante mais de uma década? Para que existissem cotas para negros, para empoderar a comunidade negra. A luta por cotas raciais é uma luta política. A opção de colocar negros de baixa renda ou negros da escola pública é uma medida de contenção da comunidade negra. Querem dizer que apenas aceitam apoiar, reconhecem direito à proteção pelo Estado da parte mais frágil da comunidade negra – concluiu.

Fonte: Correio do Brasil http://correiodobrasil.com.br/lei-das-cotas-raciais-e-anacronica-alerta-pesquisador/503621/#

sexta-feira, agosto 17, 2012

Sevilha

A cidade mais bem cortada
que vi, Sevilha;
cidade que veste o homem
sob medida.

Justa ao tamanho do corpo
ela se adapta,
branda e sem quinas, roupa
bem cortada

Cortada só para um homem
não todo o humano;
só para o homem pequeno
que é sevilhano

Que ao sevilhano Sevilha
tão bem se abraça
que é como se fosse roupa
cortada em malha

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Ao corpo do sevilhano
toda se ajusta
e ao raio de ação do corpo,
ou sua aventura.

Nem com os gestos do corpo
nunca interfere,
qual roupa ou cidade que é
cortada em série.

Sempre à medida do corpo
pequeno ou pouco;
ao tacto baixo míope,
ao pés do coxo.

Nunca tem panos sobrando
nem bairros longe;
sempre ao alcance do pé
que não tem bonde.

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O sevilhano usa Sevilha
com intimidade,
como se só fosse a casa
que ele habitasse

Com intimidade ele usa 
ruas e praças;
com intimidade de quarto
mais que de casa.

Com intimidade de roupa
mais que de quarto;
com intimidade de camisa
mais que casaco.

E mais que intimidade,
até com amor,
como um corpo que se usa
pelo interior.

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O modelo não é indicado
é a nenhum nórdico;
lhe ficará muito curto
e ele incômodo.

Ele ficará tão ridículo
como um automóvel
dos que ali, elefânticos,
tesos, se movem,

Nas ruas que o sevilhano
fezpara sim mesmo,
pequenas e íntima para
seu aconchego,

sevilhano em que se encontra
ainda o gosto
de ter vida à medida
do próprio corpo.

João Cabral de Melo Neto
in Morte e vida severina e outros poemas em voz alta.
  

terça-feira, agosto 14, 2012

Perguntas necessárias nas eleições

As eleições são ótimos momentos para nos fazermos algumas perguntas como cidadãos. Qual é o nosso entendimento sobre a representatividade política? Será que o modo como escolhemos nossos parlamentares e o motivo pelo qual os colocamos no legislativo é o mais adequado? Somos sérios ao aceitar que os candidatos tenham na busca de um mandato um projeto pessoal para ganhar um salário melhor ou para defender estritamente o seguimento que o financiou e o elegeu? Quando naturalizamos, no interior com mais intensidade, a compra de votos como prática histórica e normal, não estariamos nós sendo cúmplices de uma lógica que leva as cadeiras das câmaras e assembleias legislativas pessoas que não terão posturas dignas de assegurar isonomia e o interesse público dos processos políticos?
É o nosso entendimento coletivo do que significa um vereador ou deputado que está enviesado, qual o papel de um agente público, qual as premissas e qualificações esse cidadão deve ter, são questões que não estamos respondendo bem, haja vista, o cenário atual. Será que ser uma pessoa simpática, ser um sujeito engraçado, ser um profissional atencioso, ter herança política de família, são características que credenciam alguém para ser um agente público que não vá legislar em causa própria e garantir que seu mandato será espaço para as reais demandas da população?
Qual o espaço que há nas câmaras municipais para que os interesses da maioria da população seja debatido, que voz tem essa população dentro dessas casas? Há maturidade representativa nas câmaras municipais quando as características mencionadas acima são as que determinam quais pessoas se elegerão? Como esperar dos políticos eleitos por essa lógica que eles garantam qualquer mudança nesse modo de fazer política? Como imaginar que esses vereadores e deputados irão construir nas casas legislativas espaços para se desenvolver uma nova sociedade, sendo que é exatamente a não construção desses espaços que os mantem nos seus cargos?
Qual a possibilidade de que haja mais oportunidades de escuta do povo e de que se trate com seriedade republicana os temas dos municípios enquanto as eleições se pautarem por apadrinhamentos e troca de favores? Pouco se analisa acerca do preparo, da lisura e do programa dos candidatos e sim o que se pode ganhar pessoalmente caso ele se eleja. Enquanto os interesses pessoais imediatos restritos a ganhos materiais ou simbólicos efêmeros conduzirem nosso jeito de estar no mundo, de votar e fazer escolhas não podemos querer cobrar dos parlamentares outra lógica ou postura.
Os momentos mais difíceis da vida são quando nossos interesses pessoais se confrontam com interesses maiores, da coletividade que vivemos. Creio que é um compromisso nosso pensar sobre essas questões para que no mínimo repensemos nosso proceder constantemente. A democracia representativa brasileira é muito frágil e incentiva através de suas dinâmicas a perpetuação no poder de grupos políticos que operam pela lógica que estou aqui criticando. Um legislador sério deveria ter como compromisso primeiro o de garantir em todas instâncias que as casas legislativas abram espaço para todas as pessoas, principalmente os trabalhadores e os mais vulneráveis socialmente. Para que isso ocorrá é importante que ele saiba ler quais são os interesses coletivos fundamentais e fazer com que essas demandas se materializem, mesmo que isso divirja por alguma razão de interesses pessoais que o cercam. O candidato que você vai votar tem esse compromisso, a maturidade e coragem para fazer essa leitura necessária da realidade?

quarta-feira, agosto 08, 2012

No filme

Ouça aqui

Da varanda vejo o vento levar a estação
um final de tarde de calmar o frio com café bom
e ouvir o som do mar
lembrar que te fiz sorrir
no filme que é de chorar
traz de volta a paz

Sigo noite adentro tenho pra setembro um plano bom
entro a madrugada toco a nota errada no refrão
e o espelho a iluminar
o dia que não raiou
queria te ver chegar
pra não mais voltar

segunda-feira, agosto 06, 2012

Sobre os últimos dias

Nos debates das últimas semanas sobre a renovação das cotas na UFRGS tenho ouvido muitas coisas. A mídia em geral tem um foco de interesse muito restrito sobre o tema, querem saber do desempenho dos alunos cotistas, quanto tempo a política vai durar e quais são as principais controvérsias . Parece que notícias polêmicas vendem mais e logo merecem prioridade por essa lógica. A sociedade quando trata do tema centra suas forças na defasada dicotomia do ser contra ou a favor de cotas. E quando se fala de cotas para negros essa conversa ganha ares apaixonados que impedem um aprofundamento necessário. Isso ocorre com outros assuntos como o aborto, a descriminalização das drogas e a crença em Deus, por exemplo.
Dentro da universidade o estágio do debate sobre Ações Afirmativas é diferente daquele que vemos nos meios de comunicação e na sociedade em geral. Mesmo entre os setores que historicamente são reconhecidos como conservadores e politicamente de direita há certo concenso que essas são políticas públicas de Estado. Esse estágio do debate faz com que as modalidades da política, os grupos focos das cotas e questões de permanência dos alunos sejam agora os desafios colocados para a universidade.
Vou destacar um caso que ocorreu em uma das conversas que tive na imprensa para ilustrar o pensamento que considero muito clichê sobre esse tema. Um comentarista ao me perguntar sobre as cotas afirmou (o cansativo argumento) que está se atacando os efeitos ao se instituir cotas nas universidades e que o correto é investir no ensino básico, que seriam as causas. Ponderei que a política de cotas não se contradiz com um grande investimento no ensino básico e que inclusive tenta impulsioná-lo indiretamente. A universidade não tem ingerência direta sobre o ensino básico, não se investe grande quantia de dinheiro público ao se instituir cotas e essas políticas atacam diretamente outros problemas sociais logo, não serpa e nem pretende ser resolutiva de questão tão macro.
O argumento usado pelo comentarista é o famoso "usar do não feito para não fazer", mas infelizmente convence muita gente. Destaquei que cotas pretendem promover a diversidade étnico racial no ensino superior, lugar onde há pouca pluralidade. Fui chamado de racista pelo comentarista que afirmou que "defender cotas para negros é assumir que eles são inferiores".  Esse tom emocional, a que me referi acima, veio a tona em boa hora porque tive como responder com uma pergunta. Assumir que os negros são inferiores é propor políticas que os incluam no ensino superior, diante da flagrante desigualdade étno-racial nas universidades ou naturalizar a sua não presença nesses espaços no último século? Se se aceita que durante as décadas de história da universidade brasileira os negros não conseguiram entrar através de uma "disputa justa" pelo vestibular (sem cotas) não é isso sim reproduzir a ideia de que os mesmos são inferiores?
Essa superficialidade do debate personalizada por esse comentarista que reduz a complexidade da formação social do Brasil, do racismo, da história da educação e da confecção, naturalização e reprodução das desigualdades é que deve ser combatida.
 A ideia aqui era de trazer um relato breve da vivência dos últimos dias e dividir angustias e aprendizados.

O drama atual das Universidades federais brasileiras


A expansão do ensino superior durante os governos Lula e Dilma foi quantitativamente ampla, tanto para as Universidades públicas quanto para as privadas. O primeiro grupo vivenciou uma expansão dos campi muito significativa, através da profusão de cursos - muitos dos quais, entretanto, pautados pela razão instrumental, de qualidade duvidosa e em sintonia com a era da flexibilidade.O segundo grupo viu o governo do PT mostrar também um lado generoso em relação aos mercados.

Faculdades em sua grande maioria de fachada, autodefinidas como "instituições do ensino superior", carentes de rigor científico mínimo em sua docência e pesquisa (esta, salvo raras exceções, inexiste neste ramo empresarial), tiveram seus cofres inflados com o ProUni.

Já que os pobres são tolhidos em larga escala das universidades públicas - uma vez que frequentam o ensino fundamental em escolas públicas, que se encontram destroçadas -, o governo Lula encontrou uma saída bárbara: reuniu-os nos espaços privados do ProUni.

De outra parte, deu-se positivamente a ampliação das universidades públicas, através da expansão dos cursos nas instituições federais e da contratação significativa de docentes. Mas o governo o fez deslanchando o Reuni, programa de expansão das universidades federais. Constrangidos pelo produtivismo (anti)acadêmico e calibrados pela competição, há precarização de condições de trabalho. Os salários são baixos. A carreira, mal estruturada.

Mas o governo não contava que essa ampliação quantitativa tivesse fortes consequências qualitativas: a nova geração de jovens professores, doutores em sua grande maioria, parece não aceitar sem questionamentos esse lado perverso do Reuni, que quer assemelhar Universidades públicas àquelas onde viceja o ProUni.

Dando aulas muitas vezes em galpões, sem salas de professores (quando há, sem condições de pesquisar), os docentes, cujos adoecimentos e padecimentos, para não falar de mortes, não param de se ampliar, decretaram uma ampla e massiva greve nas federais. Querem melhores salários, condições de trabalho dignas e carreira efetivamente estruturada.

Os conservadores dizem, tentando mascarar o desejo pela completa privatização, que a greve dos docentes públicos é uma forma de "receber sem trabalhar". "Esquecem" algo elementar: qual docente, no juízo razoável de suas faculdades, quer arrebentar seu calendário e repor aulas quando deveria estar em férias?

Só mesmo as vozes conservadoras podem identificar uma greve, com suas atividades, assembleias, debates, desgastes, riscos e tensões, como "descanso remunerado", argumento histórico das direitas derrotado pela Constituição de 1988.

Para muitas dessas vozes, a pesquisa e a reflexão livres incomodam. Elas gostariam de privatizar as federais, convertendo-as ou em Universidades profissionalizantes ou, ao menos parte delas, em "universidades corporativas", uma flagrante contradição, pois universalidade não rima com corporação.

Há um segundo ponto importante: muitos alegam que é preciso investir no ensino básico, o que os leva a recusar o apoio à Universidade pública. Mas alguém seriamente acredita que aqueles que querem destroçar a Universidade pública querem, de fato, um ensino básico público, laico e de qualidade?


Artigo do professor Ricardo Antunes, titular de sociologia na Unicamp.