sexta-feira, junho 12, 2009

R$ 150 milhões para a Souza Cruz: "decisão de Yeda é vergonhosa"

“É vergonhoso dar R$ 150 milhões para um empreendimento que gera 250 empregos. Qualquer que seja o ponto de vista que se olhe, isso não faz sentido”. A afirmação é do economista Roberto Iglesias, estudioso da indústria do cigarro, com trabalhos publicados pelo Banco Mundial, criticando a decisão do governo Yeda Crusius (PSDB) de conceder R$ 150 milhões em isenções fiscais para a Souza Cruz. Em matéria publicada segunda-feira (8), na Folha de São Paulo, Iglesias e outros especialistas da área criticam duramente a decisão do governo tucano. Os R$ 150 milhões correspondem ao que a empresa gastou para construir um parque gráfico na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Para o economista Clóvis Panzarini, ex- coordenador tributário da Secretaria da Fazenda de São Paulo, nos governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin, o incentivo de R$ 150 milhões para um negócio de 250 empregos não é um bom negócio para as finanças públicas. “Cada emprego custou R$ 600 mil. Com esse dinheiro, você poderia pagar R$ 1.300 por mês para um professor por 35 anos. E ele daria aula, não fabricaria cigarro”.
Tânia Cavalcanti, coordenadora da área de controle de tabagismo do Instituto Nacional de Câncer, lembra, na mesma matéria, que o incentivo à indústria do cigarro contraria recomendações da Organização Mundial da Saúde e da Convenção Quadro, o primeiro tratado internacional na área da saúde. No final de 2008, o governo brasileiro assinou em Durban, na África do Sul, um tratado da OMS em que o país se compromete a “não dar incentivos, privilégios ou benefícios fiscais para a indústria estabelecer ou tocar seus negócios”. “A indústria lucra e deixa o prejuízo do tratamento para a sociedade como um todo. Não tem o menor sentido essa política. O governo gaúcho “está na contramão das boas práticas contra o fumo”, diz ainda a especialista.
A reportagem cita um estudo do Banco Mundial que mostra que a política de incentivos é ilusória. “O governo arrecada mais impostos a curto prazo, mas no longo prazo as mais de 50 doenças causadas pelo tabaco custam mais do que o valor arrecadado. Para cada dólar arrecadado, o governo gasta US$ 1,5 com o tratamento de doenças. O incentivo é ilusório do ponto de vista da arrecadação, segundo a pesquisa, porque demora de 25 a 30 anos para as doenças se manifestarem”.
Fonte: RS urgente

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