sábado, agosto 28, 2010

Mais um zagueiro

Um libriano dificilmente sai do sério, dizem os conhecedores do zodíaco, todavia, há sempre exceções à regra e por razões ainda desconhecidas, Alfredo chegara a Palco furioso na tarde de domingo, último dia do mês. Entrou batendo portas e oferecendo indelicadezas que, até então, não faziam parte do seu repertório sempre equilibrado no trato. Dona Sandra, surpresa com o comportamento do rapaz subiu para entender a razão do destempero. Alfredo, já com o tom de voz amansado, não abriu a porta, mas disparou que logo após o banho desceria.

Com a água massageando o cérebro Alfredo, ao mesmo tempo em que se acalmava, matutava um modo de pedir desculpas ao casal que lhe acolhe e ainda, como se não bastasse, explicar que teria que atrasar o pagamento da pensão em um mês. Vamos compreender o porquê nosso jovem depois de irritado está arrependido. O domingo prometia, o sol saiu cedo e se manteve presente, ao meio dia churrasco com os amigos, cerveja gelada e Alfredo que tinha certo trauma familiar com jogo até se permitiu um truco “as brincas”.

No meio da tarde tudo parava para o futebol, os dois grandes times da cidade jogavam no mesmo horário, a turma se dividia entre torcedores de ambas as equipes e um deles era fanático por um time interiorano. Esse torcedor solitário, provocador, gostava de jogatina e de desafiar. Todos sabiam dessa peculiaridade do sujeito, instigavam-no e se divertiam com as performances que dela advinham. Fim do primeiro tempo e da terceira caixa, o time de Alfredo vencia por dois gols de diferença fora de casa, foi então que o calavero de plantão propôs uma aposta para Alfredo com o argumento de que ele deveria se livrar dessa aura traumática que lhe acompanhava quando se tratava de apostas. A proposta era muito simples e altamente tentadora, se o time de Alfredo ganhasse o jogo a turma pagaria seu aluguel do mês no dia seguinte, porém se o time adversário virasse a partida Alfredo pagaria o churrasco e toda bebida que estavam a desfrutar, o que correspondia ao mesmo valor praticamente.

Ao terminar a história em que a cerveja e o sol na cabeça venceram seu bom senso, Alfredo cabisbaixo diante de seu Lauro e de dona Sandra reforçou o pedido duplo de desculpas e prometeu nunca mais confiar em seu potencial para qualquer tipo de jogo e nem em Aldo, zagueiro do seu time que marcou dois tentos na singular jornada daquele domingo, um aos 37 e outro aos 41 do segundo tempo, ambos contra é claro.

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