quarta-feira, junho 19, 2013

Os debutantes nas manifestações

Segunda-feira, dia 17 de junho de 2013 o Brasil se impactou.

Muitos debutaram em protestos nesse dia, parcela significativa. O volume de gente impressionou.

O povo não acordou, como cantamos na rua em coro. O povo ta acordado há tempos, e acorda cedo e pega ônibus todos dias.

Manifestações de diferentes movimentos sociais acontecem desde sempre. O MST faz marchas, os municipários de POA estão na rua com frequência, o Cpers faz caminhadas significativas. Marchas temáticas (vadias, maconha, gay) se multiplicam e mesmo os primeiros protestos contra o aumento das passagens não eram atos em que os debutantes de sentiam representados. 

A mídia hegemônica comprou os protestos e quer resignificar sua pseudoparcialidade, isso motivou muitos a irem para a rua. 

Ir para rua, independente da razão é positivo, é viver, conversar, se expor e se alimentar de vida política e ideias.

Muitos pensam que protestam contra a corrupção promovida pela administração pública e entendem que isso justifica privatizações, que o Estado deve diminuir, quando se quer o contrário, que se aperfeiçoe  a administração da coisa pública e se inverta prioridade com mais intervenção do Estado.

Alguns acham também que protestam contra a política em si, quando na verdade estão em uma ação política paradigmática.

Reacionários estão lá cantando junto com militantes legítimos dos movimentos populares e com a classe média informada. Isso é novo e sinaliza alguns riscos.

A  direita que não tem gente e não tem discurso vai tentar construir a oposição ao governo Dilma com base nesses eventos também. 

A esquerda, na sua multiplicidade, fará também sua oposição, essa legítima do ponto de vista das demandas e da análise. Espero que não se confundam as oposições e nem se caia em armadilhas unificadoras quando da questão eleitoral.

Os protestos dizem tanto que não cabem em definições e conceituações apressadas. As redes sociais são formativas, organizativas e desalienantes em grande medida, mas mudanças concretas estão sendo vistas quando do espaço público virtual transitamos para o espaço público reais. 

Os canais de participação da nossa frágil e nova democracia e o sistema político estão sendo colocas em xeque. Há uma velocidade instaurada nas demandas e na exigência de resultados que partidos e a organização política do Estado estão longe de acompanhar. 

Um evento social de massas, um encontro plural em que se vê reações das mais criativas até as mais agressivas, nada que a periferia das grandes cidades não viva para tocar a vida com frequência. 

A capacidade de mobilização está dando um salto qualitativo com esses exemplos, caso algum problema significativo ocorra ou uma pauta ganhe força, em algumas horas serão milhares. 

E o preconceito com protestos e ações reivindicatórias que os debutantes tinham vai se apagando, como pode estar acontecendo com o preconceito dos pais e avós deles. 

Torço que os debutantes se interessem por outras causas, que saibamos não cair no conto da Globo arrependida e pacifista, bem como no discurso dos reacionários infiltrados. 

Os anseios não são só de "cobrar as autoridades", são vontades de dizer que se sabe alguns caminhos e que se quer participar da construção de um outro modo de gerir a coisa pública. 

As prioridades das políticas públicas em inúmeras áreas e sua eficácia, bem como as relações das instituições públicas e seus orçamentos com a iniciativa privada nacional e internacional  não representam a população.

A noção de consenso político que se erigiu nos governos do PT não é mais suficiente para esconder a insistente desigualdade social e os graves problemas dos serviços públicos. Esse consenso está com muita dificuldade de oferecer alternativas aos problemas fundantes do país.

A vida, as praças, os partidos (momento didático para diferenciarmos os partidos), o Estado estão aí, para serem reinventados pelas resistências, os movimentos sociais populares e os debutantes que tomara aumentem de número. 



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