quarta-feira, agosto 14, 2013

Carta aos cursistas do Educação para a Diversidade

Caros cursistas do curso de Especialização Educação para a Diversidade, farei alguns comentários sobre nossa disciplina V que trata das relações étnicos-raciais. 
Primeiramente saúdo a qualidade e os esforços imprimidos na feitura das atividades que propomos, os apontamentos feitos por vocês no Caderno de Registros foram muito interessantes, histórias ricas em vida e experiências passíveis de divulgação e estudos.
Os espaços escolares em que vocês trabalham são diversos, uns demandam que o debate proposto pela disciplina seja cotidiano, outros exigem reflexões mais pontuais pela sua configuração. Porém, o que ficou claro é que todos educadores cursistas entendem a necessidade de avançarmos no Brasil no que se refere a aplicação da Lei 10.639, independente da composição da população do nosso meio. 
Vou mencionar alguns elementos que diagnostiquei como lacunas ou desafios expressos nas avaliações presenciais e nos cadernos de registros, o farei, por óbvio, sem generalizações.

- Notei que a muitos conceberam o racismo estritamente como "tratamento pessoal", privilegiaram essa dimensão nas suas observações. Se buscou encontrar ou não o racismo na realidade escolar com base nessa noção mais individual. O racismo não é somente um ato, um tratamento de alguém para outrem, o racismo pode ser um "não ato", uma não presença. O racismo pode estar onde não vemos ou sentimos, por vezes, o racismo anestesia nosso olhar para que nos acostumemos a não encontrá-lo. Lembro que há outras dimensões de racismo expressas no texto base que devem ser consideradas para melhor entendermos a realidade.  
- Evidências do tipo "os negros que são racistas" me exigem chamar atenção que devemos ter muito cuidado para não culpabilizar a população negra por sofrer discriminação, por vezes, essa população introjeta e reproduz o racismo. Isso não indica que os negros produzem o racismo, não podemos confundir a ação reflexo do oprimido com a violência expressa e criada pelo opressor, dizia Paulo Freire. 
- Há uma visível necessidade de amadurecimento e aprimoramento conceitual e de informação no que tange as políticas de cotas nas universidades. A lei federal que as institui prevê dez anos mínimos de duração, os educadores cursistas que estão no ensino fundamental e médio são corresponsáveis por capacitar as gerações que farão uso das cotas e não podemos correr o risco de deslegitimá-las diante desse público. Para isso disponibilizo, no link abaixo, um debate que participei  na Tv Câmara com argumentos e esclarecimentos legais e institucionais sobre as cotas. 

Com esse comentários reafirmo minha felicidade de ter trabalhado com vocês nessa disciplina e o privilégio que foi ter tido acesso ao trabalho e as reflexões de vocês.  

Link do programa: http://vimeo.com/50162892

Professor Gregório Grisa

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