sábado, setembro 14, 2013

Literatura que renova

A vida é assim: peixe vivo, mas que só vive no correr da água. Quem quer prender esse peixe tem que o matar. Só assim o possui em mão. Falo do tempo, falo da água. Os filhos se parecem com água andante, o irrecuperável curso do tempo. Um rio tem data de nascimento? Em que dia exato nos nascem os filhos? (...) Enquanto falava, seus dedos datilogravavam meu rosto, linha por linha. Minha mãe me lia por dedos tortos. 

Passagem de Mia Couto em "O último voo do flamingo".

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