terça-feira, agosto 04, 2015

Crise para quem?


O Brasil vive uma crise econômica, abundam as reportagens diárias afirmando isso. A indústria vai mal, a União corta gastos em todas áreas para gerar superávit primário a fim de pagar juros da dívida, o RS parcela salários do funcionalismo argumentando não ter alternativas (embora haja). 

Todavia, há duas notícias nos últimos dias que provam que a crise não toca a todos. O Bradesco comprou o HSBC Brasil por um pouco mais de 5 bilhões de dólares. O mesmo banco anunciou o maior lucro trimestral da história, 20% maior quando comparado com o mesmo período do ano passado. 

A outra notícia é o lucro trimestral do ITAÚ, mais um record. Quanto maior é  a Taxa Básica de Juros (Selic) maior são os lucros dos bancos,  grandes detentores dos papéis da dívida pública. Governo Dilma vem garantindo tais lucros por opção. 

Nenhuma voz da mídia corporativa se levanta contra o absurdo moral e econômico que representam esses lucros dos bancos em uma sociedade desigual. Ao contrário,  noticiam entusiasmados o fato. 

Os muito preocupados com as condutas pessoais,  que atribuem os grandes males da nação a alguns desvios éticos individuais não questionam o funcionamento do sistema, da estrutura produtora de desigualdades.  

Vivemos em um mundo doente em que a crise da maioria é profícua para bancos e rentistas. Somos reféns de instituições financeiras que orquestram a política econômica do país visando seus próprios benefícios ao capturar o Estado via, em grande medida, do financiamento do sistema político e do fortalecimento do sistema da dívida.

O funcionalismo público, os trabalhadores assaliarados que produzem a riqueza material da sociedade,  os trabalhadores informais e os aposentados pagam a conta da crise e os imorais lucros dos bancos e especuladores. 

A ruptura com essa lógica tem de ser radical, não há conciliação possível quando os direitos fundamentais da maioria da população são desrespeitados.

Gregório Grisa

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