sexta-feira, março 27, 2015

Setor privado e a raiz da corrupção



Esquema desvendado na Operação Zelotes da Polícia Federal no Ministério da Fazenda, em que mais de 70 empresas do setor automobilístico, agrícola, siderúrgico, além de bancos e indústrias compravam conselheiros da receita federal para maximizar lucros através da sonegação e da evasão de divisas pode envolver R$ 19 Bilhões. A Lava Jato se especula envolver R$ 10 bilhões, o primeiro caso terá a mesma repercussão se não envolver políticos ligados ao governo ou ao PT?

Esse caso da Receita Federal mostra a raiz da corrupção, o setor privado, o corruptor. Grandes empresas automobilísticas, multinacionais, empreiteiras e indústrias, os símbolos do lucro a qualquer preço, a parcela patronal da sociedade capitalista, a que explora mão de obra e que acumula para além do lucro direto, o lucro criminoso, da sonegação que nega ao Estado a parcela que serviria para redistribuir os dividendos. 

Agentes públicos e políticos corruptíveis sempre foram encontrados para fazer negócio, e seguirão sendo, o interessante é que se está descobrindo crimes de fraude fiscal complexos em grande escala, isso é paradigmático. 

As isenções fiscais feitas pelo Estado não bastam, o domínio dos meios de comunicação e dos agentes políticos também não. As grandes corporações querem mais, querem o céu, as ilhas, os paraísos fiscais e os reais. Esse é o espírito do capitalismo, muitos que leem essas palavras tem seus sonhos de vida vinculados a ter fortuna, ter contas no exterior. Os países em desenvolvimento são saqueados muito mais pela sonegação dos ricos, pela farra dos bancos, dos esbanjadores, do que pela corrupção pequena do político medíocre e ganancioso. 

Porém, a vida política, a coisa pública, a esfera Estatal é denunciada como a principal casa da corrupção, a grande responsável pelo estágio raso de desenvolvimento do país, quando os reais responsáveis são os respeitados barões que monopolizam mercados, fazem cartéis em todas as áreas, dos menores até os gigantes, mas esses tem de ser preservados para que a "economia do país não pare". 

Coitadas das empreiteiras da Lata-Jato, por exemplo, devem ser poupadas porque são as que "tocam a infraestrutura e a logística do Brasil", nada mais absurdo. Essas empresas deveriam passar por intervenção pública, serem estatizadas e colocadas a serviço do país. Inclusive, ao contrário dos que pensam que a Petrobras deve ser privatizada, penso que ela deve voltar a ser 100% pública, abrir seu capital foi escancarar as portas para a classe social sangue suga da qual venho falando nesse post, a que só tem o lucro como interesse real em detrimento do bem comum, do desenvolvimento humano e social.

Gregório Grisa

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